segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

 BONILLA, Maria Helena Silveira. A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX. In : PRETTO, Nelson De Luca. Tecnologias e novas educações. Salvador: EDUFBA. P.70-81
"As transformações que vivenciamos parecem muito mais complexas do que qualquer das precedentes, (...) envolvem um número maior de pessoas, instituições, territórios, (...) ao mesmo tempo em que são oriundas da cultura, levam-nos a um profundo reexame das principais premissas e valores de nossa cultura, nos modelos conceituais que explicavam e justificavam a forma como construíamos conhecimento e nos relacionávamos. Em vista disso, as transformações científicas e tecnológicas estão intimamente relacionadas com as alterações que vêm ocorrendo nas relações e nas formas de organização social , (...)
É nesse complexo, nessa teia de relações que estão inseridos os processos educativos e, em particular, a escola. (...) a escola surge como encruzilhada de influências entre o global e o local, como um conjunto de espaços e tempos agidos por determinantes do global, do nacional e do local.(...) A escola atual trabalha no sentido de reprodução e transmissão do modelo hegemônico, fechada à exterioridade. (...) 
Enquanto a noção de ordem da escola é a da modernidade, a noção de ordem do mundo fora da escola tende a ser a da cosmovisão contemporânea, que já se faz presente em muitos âmbitos da vida, principalmente da vida dos jovens-alunos. (...) Os professores não conseguem sair do casulo em que se encontram protegidos e perceber as mudanças que estão ocorrendo no mundo, dentro e fora da escola. (...).
A noção de ordem da escola atual tem como base o princípio da formação científica, a existência de um conhecimento "verdadeiro" que deve ser transmitido ao aluno, sendo o professor o detentor e controlador dessa verdade. Nessa perspectiva, o conhecimento se dá na rekação sujeito/objeto, é linear, necessitando-se por isso definir pré-requisitos, habilidades básicas, conteúdos mínimos, seriação, etapas pelas quais os alunos têm que passar e, quanto mais conteúdos o professor transmitir, numa dimensão "internalista" do conhecimento, mais saber será "dominado" pelos alunos. A aprendizagem é vista como um processo estritamente individual, dependendo apenas da força de vontade e da persistência de cada aluno. (...)

Além de tentar elliminar a complexidade, a escola tenta também elimilnar a historicidade. (...) O modelo pedagógico também é determinista e a-histórico, pois segue programas - sequência de atos decididos a priori , que devem começar a funcionar um após o outro, sem variar, e que funcionam muito bem quando as condições circundantes não se modificam e, sobretudo, quando não são perturbadas (Morin, 1996: 284). Tais programas, quase sempre, são elaborados em outras instâncias, que não a escola; (...) Esses "pacotes" não dão margem aos redirecionamentos que o contexto de cada escola exige, nem estão sujeitos às adaptaçõesnque se fazem necessárias durante sua execução, sujeitando alunos e professores ao papel de copistas, receptores e reprodutores de conhecimento alheio.
Esse modelo de escola não consegue abranger toda a complexidade do mundo atual. É consenso hoje que precisa ocorrer uma transformação na sala de aula. (...) uma transformação profunda, que incorpore as novas formas de ser, de pensar e de agir que estão emergindo na contemporaneidade, principalmente com a presença das tecnologias da informação e da comunicação, tanto na vida fora como de dentro da escola. (...) É necessário entendermos a tecnologia não apenas como o fazer, mas também como o dizer, o entender, o intencionar, o que se faz". (...)

No  presente  texto, a  Professora Maria Helena Bonilla nos remete a uma profunda reflexão sobre os conceitos de verdade e realidade,salientando que as mudanças na sociedade , ou em qualquer área da vida só acontecem quando a ídéia geral de ordem também muda. Comprova tais idéias quando compara a cosmovisão da sociedade Medieval, Moderna e Contemporânea, a partir dos conceitos peculiares a cada época.
Analisa com riqueza de detalhes a práxis pedagógica nos processos das transformações tecnológicas e científicas ocorridas na sociedade através dos tempos, principalmente na contemporaneidade, e as influências e transformações no contexto da escola, tanto na vida do aluno, quanto na vida do professor. Conforme a  autora, não basta melhorar o que está posto, é necessário que aconteça uma transformação profunda, para incorporação das novas formas de ser. de pensar e de agir, conforme o que a contemporaneidade estar a exigir.
Todavia, não é só a escola que precisa de transformação. Também a produção da existência humana em todos os contextos históricos, no sentido de desenvolver práticas específicas que venham modificar e reinventar  maneiras de ser, seja qual for o contexto da interação - família, escola, trabalho e outros.
A escola é citada como a principal instituição que necessita de transformações e adaptações à modernidade, levando ao que a autora chama de identidade hegemonica,  visando evitar os altos índices de reprovação e evasão escolar, que somada a outros problemas existentes tais como a violência e o uso de drogas contribuem para a crise da Educação. A práxis pedagógica, ainda está vinculada a "pacotes" distanciados da realidade dos alunos e professores, e não acompanha as novas formas de consstrução da subjetividade, de relações sociais e ambientais. A presença das tecnologias da informação e da comunicação  na escola  precisam ser vistas como ferramentas de transformações da linguagem, dos ritmos e modalidades da comunicação, da percepção e do pensamento. Devem trabalhar como proposições que exteriorizam, objetivam, viirtualizam funções cognitivas e atividades mentais, além de serem vistas como possibilidde de ciação, de  pesquisa, de cultura, de re-invenção.









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